Desafios da Rede Pública de Ensino na Pandemia

Sabemos que a Covid-19 afetou o mundo em diversos fatores. A educação sofreu uma queda e muitos alunos deixaram de frequentar as escolas.

De acordo com o Jornal USP, desde o primeiro lockdown em Março de 2020, cerca de 48 milhões de estudantes deixaram de frequentar as atividades presenciais em mais de 180 mil escolas de ensino básico espalhadas pelo Brasil, como forma de prevenção à propagação do coronavírus.

Encontrando-se sem escolha, o distanciamento social é inevitável para que a contaminação não se propague, já que o ambiente escolar é um ambiente de interação social.

As redes de ensino encontraram-se numa situação anormal e tendo que se adaptar a este novo estilo de vida, mantendo o distanciamento social, porém, ainda promovendo o ensino-aprendizado com eficiência para seus alunos através de plataformas virtuais.

Segundo a ANEC, as instituições de ensino são orientadas a aproveitarem em ampla escala as ferramentas de tecnologia educacional, como, por exemplo as plataformas e ambientes virtuais de ensino, para garantir os processos pedagógicos de aprendizagem. Os sistemas de ensino já estão produzindo videoaulas, transmissões ao vivo, exercícios online, entre outros mecanismos. Todo esse esforço se faz para manter os estudantes em um ritmo de estudo, mesmo estando distantes do espaço físico da escola.

Mesmo com tais opções, o desafio para os educadores é se adaptar a organizar e planejar as aulas e inseri-las em plataformas fora do seu cotidiano. Aprender a usar essas plataformas virtuais, se familiarizar com as aulas no método online, é algo que leva tempo e dedicação.

Os desafios de adaptação das redes de ensino e alunos não são os únicos fatores que envolvem as mudanças no sistema de educação na pandemia.
De acordo com o Brasil 61, a desigualdade no acesso à internet, entre alunos de escolas públicas e particulares, foi escancarada durante a pandemia do novo coronavírus. […]
Dados de 2019 apontam que quase 40% dos estudantes da rede pública não possuem computador e internet em seus domicílios. A informação é da pesquisa TIC Educação 2019, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação.
No estado de São Paulo, 42% dos domicílios possuem computadores de mesa, sendo 62% nas casas de alunos da rede privada e 38% nas de alunos da rede pública. Já em relação a computadores portáteis, a oferta é maior entre estudantes da rede particular (71%), em comparação com os da rede pública (46%).

Assim, podemos observar que alunos de redes públicas de ensino possuem maiores dificuldades tendo que se adaptar ao estudo em casa, pois dependem de aparelhos eletrônicos, acesso à internet, e muitas vezes, como resultado da desigualdade social presente no Brasil, não conseguem pagar por eles, sendo incapacitados de estudarem na pandemia.

De acordo com o Instituto DataSenado, 26% dos alunos da rede pública brasileira, que passaram a ter aula online durante a pandemia, não possuem nenhum tipo de acesso à internet em casa. Segundo a Folha de São Paulo, mesmo no estado de São Paulo, o mais rico do país, há alguns dias apenas 50% dos estudantes havia acessado o aplicativo de aulas à distância. Este resultado se deve à falta de informação dos jovens, inabilidades com a tecnologia, falta de aparelhos de acesso ou de conectividade à internet. A desigualdade de aprendizagem nos tempos de pandemia aumentaram, principalmente à população mais pobre.

Além disso, na quarentena, muitos comércios foram fechados e o desemprego aumentou, gerando a falta de alimentação em muitos lares, impedindo a condição humana básica para qualquer outra atividade. Estas famílias acabam dependendo dos recursos oferecidos pelo governo, que acabam demorando para serem entregues, fazendo com que estudantes busquem outros afazeres para ajudar a sustenta sua família. Se em tempos normais já era um desafio para os estudantes planejarem seu futuro, em tempos de pandemia, tudo se intensificou.

O Jornal da USP aponta que há uma urgência na revisão e adequação do atual modelo de educação mediada por tecnologia, por meio de novos formatos que garantam a aprendizagem significativa dos estudantes, bem como permitam que essa trajetória educativa seja avaliada de forma assertiva.
Além disso, é necessária a competente formação dos profissionais de educação, que consigam adaptar os modelos de ensino híbrido, onde deverão ser capazes de garantir um ensino-aprendizado de qualidade para o formato de aula presencial e online. Assim, estarão preparados e capacitados para tempos normais e de crise.
Podemos observar que a desigualdade social presente no Brasil é o principal fator pela queda da qualidade de ensino, principalmente das redes públicas, onde a maioria de seus alunos não podem pagar por uma rede de ensino particular, que oferece uma qualidade superior, seja pela estrutura quanto pelo material fornecido.
Assim, os profissionais das instituições de redes públicas de ensino vêm se dedicando cada vez mais para que seus alunos possam receber o ensino-aprendizado necessário mesmo em tempos tão turbulentos, porém, os desafios vão além das escolas, e enquanto não houver uma qualidade de vida digna nos lares de todo o Brasil, a educação ainda será um desafio para muitos brasileiros.

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